Você é. Sua vizinha também. A Maitê. A Malu. A Cláudia. Eu,
naturalmente. Somos as melhores mães do mundo. Aliás, essa é a única categoria
em que não há segundo lugar, todas as mães são campeãs, somos bilhões de
"as melhores" espalhadas pelo planeta. Ao menos, as melhores para
nossos filhos, que nunca tiveram outra. Não é uma sorte ser considerada a
melhor, mesmo se atrapalhando tanto? Mãe erra, crianças. E improvisa. Mãe não
vem com manual de instruções: reage apenas aos mandamentos do coração, o que
tem um inestimável valor, mas não substitui um bom planejamento estratégico. E planejamento
é tudo o que uma mãe não consegue seguir, por mais que livros, revistas e psicólogos
tentem nos orientar. Um dia um exame confirma que você está grávida e a
felicidade é imensa e o pânico também. Uau, vou ser responsável pela criação de
um ser humano! (Papai também vai, mas em agosto a gente fala dele.) A partir daí,
nunca mais a vida como era antes. Nunca mais a liberdade de sair pelo mundo sem
dar explicações a ninguém. Nunca mais pensar em si mesma em primeiro lugar. Só
depois que eles fizerem dezoito anos, e isso demora. E às vezes nem adianta. O
primeiro passo é se acostumar a ser uma pessoa que já não pode se guiar apenas
pelos próprios desejos. Você continuará sendo uma mulher ativa, autêntica,
batalhadora, independente, estupenda, mas cem por cento livre, esqueça. De maridos
você escapa, dos próprios pais você escapa, mas da responsabilidade de ser mãe,
jamais. E nem você quer. Ou será que gostaria? De vez em quando, sim, gostaríamos
de não ter esse compromisso com vidas alheias, de não precisar monitorar os
passos dos filhotes, de não ter que se preocupar com a violência que eles terão
que enfrentar, de não sofrer pelas dores de-cotovelo deles, de não temer por suas
fragilidades, de não ficar acordadas enquanto eles não chegam e de não perder a
paciência quando eles fazem tudo ao contrário do que sonhamos. Gostaríamos que
eles não falassem mal de nós nos consultórios dos psiquiatras, que eles não nos
culpassem por suas inseguranças, que não fôssemos a razão de seus traumas, que esquecessem
os momentos em que fomos severas demais e que nos perdoassem nas vezes em que
fomos severas de menos. Há sempre um "demais" e um "de
menos" nos perseguindo. Poucas vezes acertamos na intensidade dos nossos conselhos
e críticas. Mas é assim que somos: às vezes exageradamente enérgicas em momentos
bobos, às vezes um tantinho condescendentes na hora de impor limites. A gente
implica com alguns amigos deles e adora outros e não consegue explicar por quê,
mas nossa intuição diz que estamos certas. Mas de que adianta estarmos certas se eles só se darão conta disso quando tiverem os próprios
filhos? Erramos em forçá-los a gostar de aipo, erramos em agasalhá-los
tanto para as excursões do colégio, erramos em deixar que passem a tarde no
computador em véspera de prova, erramos em não confiar quando eles dizem que
sabem a matéria, erramos em nos escabelar porque eles estão com os olhos vermelhos
(pode ser resfriado!), erramos quando não os olhamos nos olhos, erramos quando
fazemos drama por nada, erramos um pouquinho todo dia por amor e por cansaço. O
que nos torna as melhores mães do mundo é que nossos erros serão sempre
acertos, desde que estejamos por perto.
(Martha Medeiros)
"Mamãe me plantou, mamãe meu regou, me fez crescer!
Mamãe é uma flor, mamãe é um amor, é o meu viver!
Quem sabe um dia o mundo tivesse uma mãe assim
Pra poder cuidar de todas as crianças como cuida de mim!"
(Autor desconhecido)
Que Deus abençoe todas as mamães e aquelas que também desejam ser!